Artigo apresentado à Universidade Paulista – UNIP, campus Vergueiro, do curso de Letras (Licenciatura Português/Inglês) como atividade da disciplina de Análise do Discurso, ministrada pela Profª Joana Ormundo.
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Resumo: É necessário reconhecer que a leitura é um processo de crescimento e que deve ser desenvolvida aos poucos. Julga-se que um aluno no Ensino Médio tenha competência para ler uma obra clássica por ter estado na escola por mais de oito anos, mas não se percebe que o aluno realizou pouca ou quase nenhuma leitura relevante durante sua vida acadêmica. É preciso incentivar e mostrar que ele pode ler bons livros que representem sua realidade e que isso lhe fará crescer como leitor, até que atinja um amadurecimento suficiente para compreender e questionar as grandes obras que serão tão importantes no seu desenvolvimento.
Palavras-chave: Leitura; crescimento; desenvolver; obras clássicas; aluno; escola; incentivar; livros; realidade; crescer; amadurecimento; compreender; questionar; importantes; desenvolvimento.
Abstract: It's necessary to understand that reading is a growth process and it must be improved little by little. It's said that a High School student is capable of reading a classical book because he has been in a school for more than eight years, but it's not considered that this student has read a few or even no relevant stuff in his academic life. It's important to motivate and show that this student can read great books that represent his reality and that this action will make him grow as a reader, until he hits and enough maturation to understand and question that books that will be so important for his improvement.
Keywords: Reading; growth; improved; classical book; student; school; motivate; books; reality; grow; maturation; understand; question; important; improvement.
Introdução:
Este artigo analisa o desenvolvimento e amadurecimento do aluno como leitor. Nosso objetivo consiste em desvelar como a construção do sujeito é feita e quais as influências possíveis para um melhor desenvolvimento e amadurecimento do mesmo. Para isso, recorremos à determinação sócio-histórica-ideológica do sujeito, através do Assujeitamento Ideológico.
Este artigo se divide em cinco partes: Introdução, Contextualização do corpus, Perspectiva teórica, Análise do corpus com base na teoria do “Assujeitamento Ideológico” e Considerações finais.
A leitura dentro das escolas
Muito se discute sobre métodos pedagógicos para desenvolver o senso crítico dos alunos, e muito se afirma que se alcança essa questão através da leitura.
É indiscutível que a leitura seja importante nesse processo, mas a leitura precisa ser crítica para que surta o efeito, precisa estimular no aluno o questionamento e as ideias. Não é possível fazer o aluno levantar questões quando ele não compreende o que lhe é apresentado, o que acontece na maior parte do tempo quando os alunos se deparam com obras clássicas.
Sabe-se da importância dessas obras para a literatura (sendo brasileira ou estrangeira) e para a língua materna e, compreende-se a necessidade de apresentá-las aos alunos, mas é preciso levar em conta o hábito de leitura do aluno e seu conhecimento prévio. O aluno vem de uma realidade onde a leitura não é prioridade e os livros que lhe chamam atenção são considerados “literatura pobre” pela sociedade mais alta. O aluno se vê em um dilema, sem saber se faz bem ao ler o que não lhe parece recomendável ou se se submete à obrigação de ler algo que lhe foge à compreensão.
Seguindo essa ideia, surge a questão: “Até que ponto as obras clássicas acrescentam aos alunos?”. É inquestionável o valor dessas obras na formação dos alunos, mas seria radical demais propor uma lista de leitura que tivesse mais em comum com a realidade dos mesmos? Durante todo o Ensino Fundamental, ser apresentado ao aluno um amplo repertório de literatura juvenil para que ele amadureça o suficiente para encarar um Machado de Assis no Ensino Médio poderia ser algo mais favorável e propício.
É preciso ter em mente que o processo para tornar um aluno comum em leitor é árduo, exigindo persistência e paciência para lhe apresentar obras que representem suas ideias e estilo de vida. Após essa primeira fase, após o aluno já sentir vontade de buscar suas próprias leituras, veremos ele se desenvolver. O aluno por si só irá perceber que certas obras não o representam mais e irá buscar outras, mais maduras conforme sua idade, até notar a verdadeira beleza e valor das obras clássicas e fazer excelente proveito de seu texto por estar preparado intelectualmente para tal informação.
Assujeitamento Ideológico
Entre os diversos conceitos que podemos estudar dentro da Análise do Discurso, deparamo-nos com o conceito de sujeito, que é construído através da relação com o outro e toda atuação do mesmo é determinada pela ideologia.
A escola assume a posição de transmitir conhecimento aos alunos, mas sempre seguindo uma ideologia dominante, por isso é considerada um Aparelho Ideológico de Estado (AIE). Essa ideologia que analisaremos aqui defende que, para o desenvolvimento do aluno na escola, para sua competência futura na área profissional, é necessário estudar gramática e literatura. Realmente, são pontos muito importantes, mas no caso da gramática, por exemplo, se ensina apenas uma forma de falar, apenas, um padrão, o mais prestigiado, enquanto os demais são abolidos. O mesmo acontece com a literatura. Cobra-se dos alunos a leitura de Machado de Assis, Euclídes da Cunha e José de Alencar. É inquestionável o valor desses autores e de suas obras, mas é preciso levar em conta o conhecimento prévio do aluno e sua realidade, reconhecer que o aluno tem opinião e raciocínio e propor a ele assuntos que o chamem a atenção.
O aluno, sem saber como se defender e sem conseguir impor seu pensamento, se sujeita a isso. Lê as obras e faz os trabalhos e avaliações propostos, sem, muitas vezes, ter entendido uma palavra do que leu e sem ter refletido. Não podemos dizer que uma leitura foi proveitosa se o aluno não levou um pouco que seja do que leu para sua vida.
Análise
Como foi dito anteriormente, a escola é um Aparelho Ideológico de Estado, impondo uma ideologia sobre a sociedade, sendo essa ideologia a da classe dominante. Sendo assim, a escola apenas reproduz essa ideologia, aplicando e reproduzindo sobre os alunos. Por ter um poder maior, a escola é considerada um dos maiores Aparelhos Ideológicos de Estado.
O aluno percebe que algo está errado quando nota que o conteúdo que lhe é ensinado não é adequado a sua realidade. As leituras que realiza não o representam, a linguagem que aprende não é a que pratica e as ciências que estuda não o atraem. A mistificação dos conteúdos escolares, a forma desordenada como são transmitidos, servem para que o aluno se sinta incapaz e desmotivado, adquirindo assim desvantagem até o ponto em que muitos abandonam os estudos e com isso, não desenvolvem seu senso crítico, o que mantém a classe dominante sempre no poder.
Com uma falsa máscara de igualdade, prega os direitos iguais à educação e ao desenvolvimento, mas banaliza as opiniões e ideias dos alunos, congela sua capacidade crítica e inibe o raciocínio, pois o aluno acredita que tudo o que disser ou pensar não estará correto, pois o "correto" é só o que é dito na linguagem formal. É o que se conhece por Pedagogia Liberal: não levar em consideração a desigualdade de condições que a vida e a realidade do aluno oferecem, legitimando assim a ideologia capitalista.
Considerações Finais
Atualmente vemos diversos alunos com interesses em livros recém-lançados, mas quando é solicitada a leitura de livros nas escolas, os quais são pré-determinados entre os livros clássicos, percebemos uma grande barreira sendo erguida. Abrindo a mente dos alunos, incentivando a leitura de todo livro com o qual eles se identifiquem, podemos fazer com que eles consigam apreciar não somente a leitura de livros como “A Culpa é das Estrelas”, mas também de livros como “Vidas Secas”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “A Pata da Gazela”, entre outros.
Não só aproximar os alunos da literatura, mas também incentivá-los a discutir assuntos presentes nesses livros e fazer com que a leitura não seja apenas uma leitura, mas também um aprendizado é um dos pontos principais que incentivará o amadurecimento mental e crítico desses adolescentes. Debates com colegas, mesmo que pareça algo simples, é algo que desperta diferentes noções e visões sobre diferentes assuntos. Bakhtin já dizia que tudo é construído através das relações, incentivar essas relações nas escolas juntamente com o incentivo de leituras fora às obras clássicas, influencia no desenvolvimento e amadurecimento dos alunos, que é uma parte importante não só para o individuo em si, mas também para a sociedade em que se insere.
Dentre diversas citações que temos a respeito de livros, Mário Quintana consegue ser um dos mais verdadeiros e diretos quando diz que: “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Aproximar nossos alunos de livros variados pode ser um começo para alcançarmos uma verdadeira mudança. Já dizia Voltaire que “a leitura engrandece a alma”... Vamos então engrandecer a alma dos alunos, dos adolescentes, afinal, eles são o futuro.
Referências Bibliográficas
⦁ http://literatura.uol.com.br/literatura/figuras-linguagem/37/artigo225090-1.asp
⦁ http://www.arcos.org.br/artigos/a-inclusao-da-literatura-inglesa-na-grade-curricular/
⦁ http://www.webartigos.com/artigos/ensino-de-literaturas-de-lingua-inglesa-no-ensino-medio-por-que-nao/54660/
INTEGRANTES:
Aniele Macedo RA: C50DHD-2
Nathalia Marques Fernandes Santos RA: C582FI-2
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